Ninguém dá nada a ninguém. Nem descontos, nem faturas, nem o que se aprende no youtube.

Hoje, estava eu a fazer um embrulho (não interessa de quê) quando me bateram à porta (só Deus e eu sabemos o quanto eu aprecio que me batam à porta). Era um gajo qualquer, que me queria dar um desconto qualquer, numa merda qualquer de uma tal fatura qualquer da luz. A minha fatura. Mas quem é que ele julga que é? Oh amigo, mas queres pagar?! Ninguém vê a minha fatura. Ainda por cima a da luz.

Eu nem ouvi bem o que ele estava a dizer. – Só segundos mais tarde é que liguei as palavras que aquele ser lançou com o ar de quem me estava a oferecer a última coca-cola do deserto – Ele ainda estava a falar e eu intervi apressadamente – “Eu não quero. Eu não preciso. Não me faça perder tempo, nem perca o seu porque eu não quero (eu estava ocupada: a fazer o embrulho)”.

-“Mas é um desconto”. (clama ele)

-“Eu sei. Eu percebi (acabara de perceber nesse instante). Mas não quero. (respondo eu)

-“Não é uma questão de querer!” (ai não?) “É uma situação com o seu número de ponto de entrega que vamos verificar se lhe dá o DIREITO de ter ou não o desconto” (pode não ter sido bem isto que ele disse, mas ele no fundo queria era ver quanto é que eu pagava!)

Eu estava a ficar sem armas e só queria ir fazer o embrulho. Eu estava a meio de ver um filme no youtube a ensinar a fazer um laço e rematei – “Mas o senhor é da EDP?”

– Ah não sei quê (não ouvi bem) “uma parceria”

– “Mas eu não quero. Eu não tenho tempo. Já lhe disse que não tenho tempo. E não quero descontos nenhuns. Muito menos mostro a fatura (ele não ia pagar mesmo)”

– “E se eu vier mais tarde?” pergunta ele

– “Eu não vou querer. E provavelmente não irei ter tempo. E não quero! Não quero desconto nenhum.”

-“Ok. Muito obrigada pela sua disponibilidade.”

E no fim ainda pergunta se “aquela porta” faz ligação ao outro prédio.

Só pode estar a gozar. Primeiro, faz-me perder tempo que eu tinha destinado ao embrulho. Segundo, ainda acha que a minha marquise são as escadas para o paraíso. Muito enganado, desce e sobe outra vez 3 andares que se lixa.

-“Não. Não! O prédio acaba aqui.” Com uma ligeira insinuação de que quem tinha “ganho” era eu!

Fecho a porta. Volto ao embrulho. Que naquele momento era mesmo a coisa mais importante da minha vida.

O laço ficou lindo. A sogrinha elogiou. E eu fiz uma cara de quem diz “é a coisa mais fácil do mundo” e respondi ao elogio como se alguém me tivesse perguntado alguma coisa “ah, até é fácil. É só agrafar aqui, colar ali” parecia eu uma engenheira de laços feitos. Não lhe contei que aprendi com uma youtuber.

E continuo a não querer o desconto. Também tenho direitos.

Nota da autora: Amanhã (igual a nunca mais) corrijo os erros ortográficos.

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